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sábado, 12 de fevereiro de 2011

A RIQUEZA ESTÁ NO BAGAÇO

Anna Carolina Lementy e Marcela Buscato

O que a história da bioquímica Elba Bon 

ensina sobre o papel do Brasil 

na nova economia global do etanol


Em 1991, a bioquímica brasileira
Elba Bon voltava de uma temporada
de cinco anos na Universidade de Manchester,
na Inglaterra, com o grau de doutora.
Ela tinha uma ideia: aproveitar a cana até o bagaço – literalmente.
Para produzir mais álcool, propunha "digerir" a cana inteira,
em escala industrial, com proteínas similares
às que aceleram reações químicas no corpo humano,
chamadas enzimas. Elba se inspirava
em experiências vistas no Reino Unido,
mas sabia que ninguém no mundo detinha
uma tecnologia financeiramente satisfatória
para criar um processo industrial.

Elba é uma mulher de modos afáveis,
que fica tomada de empolgação juvenil
ao falar da cana e de tópicos nem tão apetitosos,
como "hidrólise enzimática" ou "xarope de biomassa".
Ao tratar do que considera uma questão estratégica nacional,
muda o tom: "Se o Brasil quiser usar seu potencial
no negócio da cana, a única saída é investir.
Temos de desenvolver nossa própria tecnologia".

O desafio de extrair álcool do bagaço da cana
virou prioridade no laboratório chefiado por Elba,
na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Para avançar mais rapidamente, formou uma rede
de pesquisadores na academia e em empresas.
Para fazer o conhecimento circular, promoveu
o primeiro congresso internacional sobre o tema
no Brasil, em 1993. Agora, duas décadas após seu retorno
da Inglaterra, ela espera tornar sua visão realidade.
Nos próximos meses, a empresa mineira
Biomm pretende aplicar as enzimas de
Elba em escala industrial. "Requisitamos um pedido
de patente no Brasil e no exterior
para essa mistura enzimática", diz Elba.

O caso de Elba é uma exceção. Ela faz parte
de uma reduzida elite nacional
que se preocupa com a disputa com outros países
numa área em que o Brasil poderia ser
o maior protagonista: as pesquisas na nova
economia global do etanol. De acordo com um estudo
do Instituto Nacional da Propriedade Industrial,
a que ÉPOCA teve acesso, os Estados Unidos
e o Japão avançam sobre a área
de patentes cuja liderança caberia ao Brasil.

No setor de álcool e açúcar, empresas
e cientistas brasileiros pedem patentes só
no degrau mais baixo de tecnologia,
que inclui equipamentos mecânicos
para plantio e colheita. No degrau mais complexo,
que inclui a biotecnologia e enzimas como a
de Elba, ficamos para trás. O exemplo de Elba mostra
que poderíamos nos beneficiar com a venda
de produtos e serviços baseados em inovação
e conhecimento científico. Mas os dados do estudo revelam
que estamos entrando no universo global
do etanol apenas em nosso tradicional papel
de exportadores de álcool e matérias-primas.

FONTE: CNA

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