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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

AS PROPRIEDADES BENÉFICAS DO ALECRIM PIMENTA.

FCFRP produz patente com 
o antimicrobiano alecrim pimenta
Encapsulamento do óleo essencial da planta em micropartículas originou dois produtos
O trabalho foi realizado pela farmacêutica Luciana Pinto Fernandes. Ela explica que os dois produtos são apresentados em forma de pó – as micropartículas são visíveis apenas pelo microscópio eletrônico. “A diferença entre eles é a maneira como foram obtidos e o direcionamento de uso dado a cada um, devido aos custos dos processos de obtenção”, conta a pesquisadora, que estudou o alecrim pimenta durante seu doutorado, apresentado em janeiro de 2009 sob a orientação do professor Wanderley Pereira de Oliveira, coordenador do LAPROFAR.
Os dois produtos foram produzidos através da técnica de secagem por atomização (spray drying), experimentando-se um processo de encapsulamento físico e outro químico. No caso do processo químico, o óleo foi encapsulado dentro de uma molécula de ciclodextrina (polímero de glicose). “O óleo essencial é muito volátil, evapora facilmente, acaba oxidando e decompondo com o passar do tempo, e perde um pouco suas propriedades. Quando encapsulado, ele se torna mais resistente e mantêm suas propriedades por mais tempo”, explica a pesquisadora.
Segundo Luciana, com o encapsulamento, é possível ter mais controle sobre a liberação dos princípios ativos da Lippia sidoides, que podem ser liberados aos poucos ou continuamente. “O óleo essencial é irritante para a pele e mucosas. Porém, quando encapsulado dentro da molécula de ciclodextrina, conseguimos a redução da irritação local, permitindo ainda uma liberação prolongada do ativo a partir de formulações de aplicação tópica”, destaca. “Apesar de o processo químico de encapsulamento ser mais caro, encarecendo o produto final, ele apresenta mais eficácia, segurança e estabilidade. Por isso, seu uso seria mais indicado nas formulações de medicamentos e cosméticos.”
Já o produto obtido pelo processo físico de encapsulamento possui um custo inferior. Esse processo envolve o aprisionamento do óleo essencial na forma de gotas muito pequenas, no interior de uma matriz formada por dois agentes encapsulantes: misturas de maltodextrina (amido hidrolisado) e goma arábica em diferentes proporções. Segundo Luciana, a aplicação desse produto poderia estar ligada a indústria alimentícia. “Uma opção de uso seria para conservar alimentos processados, sem necessidade de usar conservantes artificiais, impactando em produtos alimentícios mais saudáveis. Pode-se ainda explorar esse produto como uma opção sensorial inovadora a ser usada na produção de temperos em pó para carne, além de uma infinidade de outras utilizações”, aponta.
A patente abrange ainda um terceiro produto, ainda mais barato que os dois anteriores, obtido a partir do extrato hidroalcoólico das folhas da planta. “Os produtos obtidos com o óleo essencial de alecrim pimenta apresentam uma maior concentração de substâncias ativas em comparação ao produto obtido a partir do extrato hidroalcoólico das folhas”, explica. “Apesar disso, o pó obtido a partir do extrato hidroalcoólico também poderia ser usado nas mesmas áreas”, pondera a pesquisadora.
Fotografia das micropartículas obtida com aumento de 2000X (microscópio eletrônico)
Farmácia popular
O alecrim pimenta é uma planta muito abundante no Nordeste. É usada popularmente na forma de chá das folhas em gargarejo e bochecho para tratamento de infecções da garganta ou em lavagens vaginais para tratamento de fungos. Também há relatos do seu uso para o tratamento de ferimentos e infecções na pele e no couro cabeludo, acne, sarna e do mau-cheiro nos pés e axilas. “Vários estudos científicos têm comprovado a eficácia farmacológica do alecrim primenta, demonstrando perspectivas de uso potencial como agente antimicrobiano natural”, conta a pesquisadora.


Um desses estudos foi realizado na FCFRP. A pesquisa, realizada recentemente, mostrou que o extrato vegetal do alecrim pimenta inibe o crescimento da bactéria Listeria monocytogenes, podendo ser usado na conservação de peixes. A Listeria está associada a listeriose, doença que pode causar várias síndromes como infecções, gastroenterites, sendo bastante prejudicial em pacientes imunodeprimidos, e em crianças, idosos e gestantes (podendo causar abortos). A transmissão ocorre, principalmente, por alimentos contaminados.
Luciana comenta que já existe uma reivindicação de patente referente a fitoterápicos antimicrobianos a partir da Lippia sidoides. No entanto, a invenção refere-se a preparações líquidas (infusos, colutórios, tinturas, extratos aquosos e por solventes) assim como o óleo essencial. “As preparações líquidas de produtos naturais apresentam alguns inconvenientes, sendo assim, os produtos obtidos na forma seca [em pó] são preferidos pelas indústrias farmacêutica, cosmética e de alimentos principalmente devido a sua maior estabilidade, facilidade de manuseio e de estocagem. No caso deste trabalho do LAPROFAR, a patente está associada ao método usado para obtenção dos produtos e aos produtos obtidos”, destaca.
Aplicações dos produtos
O próximo passo da pesquisa é testar as aplicações dos produtos. De acordo com a farmacêutica, alguns testes já foram realizados na FCFRP, entre eles o do estudo envolvendo a conservação do peixe contra a Listeria monocytogenes. Mas há outros que ainda estão em andamento como: análises sensoriais de alimentos submetidos aos dois produtos como conservantes, e o desenvolvimento e avaliação da eficácia de cremes dentais contendo formulações a base de alecrim pimenta.


“A médio prazo, os produtos desenvolvidos poderiam ser aplicados em formulações cosméticas, como desodorante ou pó antisséptico, em um ativo potente antimicrobiano para o combate das bactérias responsáveis pelos odores fétidos, ou na preparação de creme dental com finalidade de prevenção de problemas bucais causados por bactérias cariogênicas. A curto prazo, os produtos poderiam ser utilizados em formulações de sopas instantâneas e em outras aplicações dentro da indústria alimentícia”, finaliza a farmacêutica.
Imagens cedidas pela pesquisadora
Mais informações: e-mail lucianapinto29@hotmail.com, com a pesquisadora Luciana Pinto Fernandes

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