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sábado, 23 de março de 2013

DE ARBORIZAÇÃO, SANTIDADES, BELEZAS, E CONFLITOS


DE ARBORIZAÇÃO, SANTIDADES, BELEZAS, E CONFLITOS

Por mais estranho que possa parecer, vivo em uma cidade (Cabaceiras - PB), no Cariri Oriental da Paraíba, onde o sol, graças a Deus, se faz presente de maneira inquestionável. Disso não reclamo, uma vírgula, já que, na condição de Eng. Agrônomo, sou capaz de perceber que o que muitos pensam como problema (sêca), eu afirmo como oportunidade. Mas, é muito estranho receber, frequentemente, solicitações de pessoas que reclamam tanto do sol, e do calor, pedidos para cortarmos árvores que estão em suas calçadas, jardins, ou quintais. Até mesmo árvores que não estão prejudicando estruturas físicas (paredes, calçadas, pavimentos etc). Os argumentos são dos mais absurdos: - As folhas “sujam” a calçada, e o terraço”; dizem uns. Outros afirmam que os pássaros que visitam as árvores defecam sobre seus veículos. Mas, parecem esquecer que a sombra é uma vantagem. Ao menos é o que eu, puerilmente, penso. 

Como elas parecem ser a maioria, em relação ao pensamento que guardo, estou começando a achar que o louco sou eu. Começo a desconfiar da minha sanidade. Deve ser muito estranho achar que o sol é muito quente, e pensar em plantar árvores. Talvez isso seja coisa de gente sem noção. Como, também, é uma loucura achar que o desperdício de água potável é um crime de lesa naturae. Talvez o certo, mesmo, seja reclamar do sol, e derrubar as árvores. Só assim será possível reclamar do astro rei com conhecimento, e propriedade. Sem árvores, com temperaturas altas, e sol na moleira, o indivíduo vai reclamar com conhecimento de cátedra, e razão. Uma razão justa, lógica, inequívoca! Tomo de empréstimo um verso presente em um música da Legião Urbana (Eduardo e Mônica) para dar uma ideia da minha estupefação: "Festa estranha com gente esquisita!", e faço uma paráfrase: Terra estranha com gente esquisita! Muito esquisita! Claro que há os que apresentam atitude, completamente, diferente. Plantam, põem água, e fotografam. Gente como Sr. Ivo que, há anos, disponibiliza água para as plantas do canteiro situado à Avenida 04 de junho. Roberto Joseline Gusmão que produz mudas, e as planta em várias partes da cidade. E outros cujos nomes não me ocorrem, agora.

Vários estudos apontam o benefício de árvores, em um município. Tanto na zona rural, como na área do perímetro urbano (ruas, parques, residências, calçadas, canteiros, áreas verdes etc). Vão desde a questão do sombreamento, pura, e simplesmente, e por si só, já seria algo louvável, passando presença de pássaros a procura de frutos, abrigo etc, que têm o poder de alegrar o amanhecer com seus cantos variados, à redução da poluição sonora. As árvores, nesse aspecto, absorvem, e barram as ondas de som, diminuindo os níveis de stress das pessoas. Além de tudo, ou paralelamente, a arborização urbana permite um conforto climático que tende a manter a variação de temperatura, em níveis muito próximos. Em períodos de alta radiação solar, temperatura agradável; em períodos muito frios, temperatura aceitável.

Logicamente, estamos falando em linhas gerais. Há que pensar em espécies florestais, e frutíferas, que sejam tolerantes à poluição, e que sejam destinadas, corretamente, aos espaços. Árvores com raízes muito fortes, e que se espalham horizontalmente, não podem ser plantadas em calçadas. Espécies que alcançam mais de 4 (quatro) metros devem ser evitadas, em áreas com redes elétricas de alta tensão. Necessita-se, ainda, atentar para veículos altos que trafegam por determinadas ruas (ônibus, caminhões, carretas etc) E, assim, por diante.

Arborização vai muito além de plantar árvores. Exige conhecimento das espécies, e levantamento das áreas da cidade aptas a receberem cada uma delas. Exigem, ainda, acompanhamento do crescimento-desenvolvimento, com fiscalizações sistemáticas, e capacitação de pessoal para os vários tipos de poda que cada espécie aceita. É comum, rotineiro presenciarmos as chamadas podas draconianas. Aquelas em que ficamos a pensar que a real intenção de quem “podou” era retirar a copa da planta, e deixar só o tronco. Talvez seja o reflexo de algum desejo íntimo de olhar para um falo simbólico. Vai saber?!

Falar sobre a questão do venenoso gás carbônico para nós seres humanos, é redundante, mas sempre necessário. Desde as aulas de Ciências que boa parte das pessoas sabe que as plantas, de maneira geral, fazem a transformação, por assim dizer, do CO2 (dióxido de carbono), em O2 (oxigênio). Este que é, extremamente, vital para todos nós. Como não pensar em plantar mais árvores? Como querer derrubá-las ante a menor contrariedade? Como é possível não parar, um segundo, para enumerar as vantagens? Muitos são casos de doenças do aparelho respiratório, em crianças, e idosos, que têm origem na poluição ambiental (partículas lançadas por veículos automotivos, queimadas de restos de cultura etc), e que podem ser minimizadas por uma arborização eficiente, reduzindo a entrada de tais partículas poluidoras, em nossas casas.

Importa, ainda, lembrarmos que muitas são as espécies com propriedades medicinais. A aroeira¹, por exemplo, planta da família das Anarcadiaceae (a mesma a que pertence o cajueiro) possui propriedades tanantes, aromáticas, e inseticidas, apícolas, e medicinais, dentre outras. São propriedades que servem para tingir couros, aromatizar produtos cosméticos, substâncias biocidas para a mosca doméstica, flores para abelhas produtoras de mel, e remédios para diarreias, problemas uterinos, cicatrizações, dentre várias outras, respectivamente.
E o que dizer das flores? “Para não dizer que não falei das flores”, embora considere redundância falar de suas belezas (Sim! As flores não possuem uma beleza. Possuem várias, ao mesmo tempo.), não me furtarei a dizer algo sobre. Quando falamos de abelhas, de frutos, de pássaros, de animais, de pessoas etc, estamos, sem dúvidas, falando de flores. São elas que proporcionam alimento para várias espécies, quando polinizadas por insetos, morcegos, pelo vento, pela chuva etc. Mas possuem uma outra fonte a ser usufruída por nós, e por outros bichos: a beleza. Beleza que se traduz em pétalas, sépalas, e todos os demais elementos da arquitetura floral, a exemplo de estigmas, estiletes, ovários, anteras etc, cores, em escalas infinitas de tonalidades que exercem atração sobre nós, como a querer nos fazer entender que somos parte do aspecto natural da paisagem. Não há quem não se admire com o tapete formado por flores amarelas que caem da craibeira, dos ipês (roxo, branco, amarelo, vermelho), do flamboyant, e tantas outras. Atraem tanto que, anualmente, são utilizadas, na Semana Santa, em vários municípios do Brasil para comporem tapetes onde passarão procissões de homenagem ao Nosso Mestre Jesus.

REFERÊNCIAS
2.       DANTAS, Ivan Coelho. Manual de Arborização Urbana. Ivan Coelho Dantas, Délcio de Castro Filismino, Sandra Maria Silva, Tiago Pereira Chaves. Campina Grande, EUEPB, 2010. 96 p. Il. Color;

Engenheiro Agrônomo Armistrong de A. Souto
CREA-PB RN: 160029789-7Espec. Gerenciamento Ambiental
Tutor à Distância de Plantas Medicinais
Disciplina Optativa do 6º período. 
UAB-UFPB-Virtual Polo Cabaceiras-PB

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