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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A Engenheira Agrônoma Victória Rossetti morre aos 93 anos - Exemplo de Profissional

noticias :: Por Editor em 29/12/2010 :: imprimir   pdf   enviar   celular

A engenheira agrônoma Victória Rossetti,
reconhecida como uma das maiores
pesquisadoras no mundo 
em doenças que atingem a citricultura, 
morreu na madrugada 
do dia 26 de dezembro de 2010,
de pneumonia, aos 93 anos. 
Velório e sepultamento foram 
realizados no Cemitério do Morumbi, 
no mesmo dia.

"Em nome da Fapesp
é com grande pesar que lamentamos 
o falecimento da doutora Victória, 
pioneira no estudo das doenças 
que acometem as plantas cítricas, 
cientista de carreira belíssima 
e de grande importância, responsável 
por formar e apoiar gerações de 
pesquisadores brasileiros 
e que esteve ligada à Fapesp 
desde a sua fundação", disse Celso Lafer, 
presidente da Fundação.

"Ela foi um das maiores autoridades 
em fitopatologia no país. 
Trabalhou com quase todas 
as doenças de laranjeiras, 
desde a 'tristeza dos citros', 
na década de 1940, doença provocada por vírus, 
passando pela leprose de citros, 
cancro cítrico e declínio dos citros", 
disse Elliot Watanabe Kitajima, 
professor aposentado da 

Veridiana Victória Rossetti nasceu 
em Santa Cruz das Palmeiras (SP), 
em 15 de outubro de 1917, 
filha de imigrantes italianos – 
o pai, Thomaz, estudou agronomia. 
Viveu os primeiros meses 
na fazenda Santa Veridiana, 
de onde recebeu o primeiro nome, 
e cresceu na fazenda Paramirim, 
adquirida por seu pai, no município de Limeira.

Interessou-se pela fitopatologia 
já nesta época quando, com os irmãos 
e orientados pelo pai, colhia material 
para estudar o efeito das pragas 
e doenças que afetavam as plantas. 
Iniciou seus estudos no 
Collegio S. Vicenzo de Paula, 
na Itália, seguido pelo Colégio São José, 
em Limeira, e pelo Colégio Piracicabano.

Foi a primeira engenheira agrônoma 
formada pela Escola Superior de Agronomia 
Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (USP), 
em 1937. Em 1940, ingressou 
como estagiária no Instituto Biológico (IB), 
onde desenvolveria toda a sua carreira.

Dedicou-se sempre à pesquisa das doenças dos citros. 
Iniciou seus trabalhos sob orientação 
de Agesilau Bitancourt, que a encaminhou 
para estudos do isolamento de fungos 
do gênero Phytophthora da gomose dos citros. 
Com o advento da tristeza dos citros, 
em 1947, tornou-se prioridade 
a necessidade de se adotar 
um porta-enxerto tolerante 
ou resistente às duas doenças.

Seguiu para os Estados Unidos, 
onde realizou, em 1947, 
curso de Estatística Experimental 
Em 1951 e 1952, com bolsa da Fundação Guggenheim
estudou fisiologia de ficomicetos na 
e fez especialização em fungos do gênero 
Phytophthora, com o professor J. Zentmyer, 
em Riverside.

Passou a integrar a Comissão Internacional de Phytophthora. 
Em 1960, com apoio da Fundação Rockefeller
visitou as estações de pesquisas 
em citros na Flórida e na Califórnia. 
A convite do governo da França 
desenvolveu programa de colaboração científica, 
trabalhando, em 1961, 
com Joseph Bové em estudos 
sobre viroides dos citros.

Capacitou-se nas técnicas de diagnóstico 
de vírus transmissores por enxertia, 
visando ao Programa de Registro de Matrizes 
de citros livres de vírus, 
implantado no Estado de São Paulo.

Em 1958, iniciou trabalhos sobre 
a leprose dos citros e experimentos 
para seu controle. Resultado relevante 
foi a comprovação do ácaroBrevipalpus phoenicis 
como vetor da leprose e, em 1965, 
também como vetor da clorose zonada.

Estudos sobre o cancro cítrico 
e sobre a clorose variegada dos citros (CVC) – 
nome sugerido pela pesquisadora 
em substituição ao popular "amarelinho" –, 
causada pela bactéria Xylella fastidiosa
motivaram vários trabalhos, com colegas 
de diversos institutos no Brasil e no exterior.

Foi presidente da Comissão Permanente 
de Cancro Cítrico de 1975 a 1977. 
Teve mais de 300 trabalhos publicados 
ou apresentados em congressos nacionais 
e internacionais e recebeu dezenas de prêmios 
e homenagens, entre os quais 
a Medalha Sigma Xi da Universidade da Califórnia (1952), 
o título de Engenheira-Agrônoma do Ano 
e o de Professor Honorário da Universidade de Flórida 
(1987), o Prêmio Frederico de Menezes Veiga, 
da Embrapa (1993) e a Medalha Luiz de Queiroz (1999).

(ABC), foi condecorada com a Grã-Cruz 
pelo presidente da República em 2004.

No Instituto Biológico, assumiu a chefia 
da Seção de Fitopatologia Geral em 1957, 
tornando-se diretora da Divisão de Patologia Vegetal 
em 1968, cargo no qual se aposentou em 1987. 
Mesmo depois de aposentada continuou 
suas pesquisas junto ao instituto. 
O Herbário Uredinológico "Victória Rossetti" 
é parte do Centro de Pesquisa 
e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal do instituto. 
Em 1988, recebeu o título de Servidora Emérita 
do Estado de São Paulo.

DESCOBERTAS E NOMES

O nome Victória Rossetti estará 
sempre profundamente ligado às pesquisas 
das doenças que atingem as plantas cítricas. 
Se o Brasil se tornou o maior exportador mundial 
de suco de laranja, não foi sem vencer 
ou controlar uma série de doenças 
dos citros e a cientista se envolveu com boa parte delas.

Com a leprose dos citros, 
especificamente, começou a trabalhar em 1959. 
A doença foi descrita em 1935 
e teve sua transmissão associada 
a um ácaro por Agesilau Bitancourt, 
seu mentor no Instituto Biológico.

"A leprose provoca manchas amarelas 
nas folhas e lesões escuras 
e deprimidas nos frutos. Os frutos terminam caindo 
em grande quantidade, o que resulta 
em perda de produtividade e de qualidade, 
principalmente da laranja doce", 
explicou a pesquisadora anos depois. 
Em 1972, Kitajima constatou pela primeira vez, 
por microscopia eletrônica, 
um bastonete semelhante a vírus em lesões de leprose.

"Foi da doutora Vitória o primeiro avanço 
no conhecimento da leprose de citros, 
ao destacar a importância do controle do vetor da doença, 
transmitida pelo ácaro Brevipalpus phoenicis, 
que afeta principalmente as laranjeiras doces", 
disse César Martins Chagas, pesquisador aposentado do Instituto Biológico, que trabalhou durante anos 
com a pesquisadora no estudo da leprose de citros.

Outra doença, o cancro cítrico, foi importante para a cientistas e para a própria Fapesp. Em 1963, quando a Fundação mal completara um ano de funcionamento, a doença se alastrava e ameaçava a jovem agroindústria da laranja no Estado de São Paulo.

Foi nesse momento que a Fapesp concedeu o primeiro auxílio para os estudos de controle do cancro, realizados no Instituto Biológico sob a direção de Victória. Desde então, a Fundação concedeu mais de dez outros auxílios às pesquisas feitas pela cientista.

Em 1987, foi convidada a identificar uma doença nova na Fazenda Ana Prata, na região de Bebedouro (SP). "Eu não sabia o que era", diria anos mais tarde. Ninguém sabia. Aos poucos, a pesquisadora foi desvendando o mistério. Cobrindo algumas plantas com telas e comparando-as, depois, com as que estavam expostas, ela descobriu que o vetor da doença era um inseto: as plantas cobertas continuaram sãs.

Para testar a hipótese do entupimento dos vasos da planta, criou um equipamento tão simples quanto engenhoso: tubos transparentes por onde eram introduzidos galhos da planta. Depois, eles eram cheios com água. Nos tubos que continham galhos saudáveis, surgiam muitas bolhas, como resultado do ar que saía dos vasos da planta.

Nos tubos contendo plantas doentes, a água borbulhava bem menos, prova de que os vasos estavam entupidos. Para identificar a bactéria causadora da doença, Victória foi à França, onde teve a ajuda de Joseph Bové, especialista em fitopatologia.

No mesmo ano, a pesquisadora identificou a bactéria Xylella fastidiosa, causadora da doença a que deu o nome de clorose variegada dos citros. "Chamei-a assim porque as manchas amareladas na folha apresentam-se de forma variegada, não contínua", disse. O sequenciamento do genoma da bactéria foi concluído treze anos depois, em um dos grandes momentos da história da ciência brasileira.

"A identificação do patógeno pela doutora Victória foi o ponto de partida do projeto de sequenciamento apoiado pela Fapesp. Outro ponto a se destacar é que ela soube fazer brilhantemente a mediação do conhecimento entre a academia, técnicos e produtores. A prova disso são os manuais que escreveu direcionado aos técnicos", disse Kitajima.

"Ser visionário e ter extrema capacidade de desenvolver trabalhos são duas características muito difíceis de se encontrar em um pesquisador, mas que a doutora Vitória tinha de sobra", disse Chagas.

FONTE


NE: Com informações da Academia Brasileira de Ciências, do Museu da Pessoa e da revista Pesquisa Fapesp.

Links referenciados

www.aeasp.org.br

www.esalq.usp.br

www.inra.fr

www.mct.gov.br/index.php/content/view/10
763.html

www.unc.edu

www.abc.org.br

berkeley.edu

www.usp.br

www.ufl.edu

www.rockefellerfoundation.org

www.guggenheim.org

www.biologico.sp.gov.br

www.agencia.fapesp.br

www.museudapessoa.net

revistapesquisa.fapesp.br

www.embrapa.br

www.fapesp.br

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