Pequenos agricultores, trabalhadores rurais sem terra, ambientalistas, representantes das populações atingidas pela construção de barragens, quilombolas, estudantes e integrantes de várias entidades sociais promoveram ontem (07/04/11), em Brasília (DF), uma marcha contra a reforma do Código Florestal e o uso de agrotóxicos.
Segundo Paola Pereira, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os movimentos sociais decidiram aproveitar o Dia Mundial da Saúde, comemorado ontem, para lançar a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. O principal objetivo da iniciativa é conscientizar a população sobre os riscos do uso indiscriminado de defensivos agrícolas, a falta de fiscalização, a contaminação dos solos e águas por essas substâncias e seu impacto na saúde dos trabalhadores rurais e da população em geral.
"É preciso discutir o assunto entre os agricultores, nas escolas, nos espaços públicos e projetos de lei. Temos que pressionar o governo para que suas agências fiscalizem, de fato, a utilização dos agrotóxicos. Desde 2009, o Brasil é campeão mundial no uso destes produtos", afirmou Paola à Agência Brasil.
Quanto à reforma do Código Florestal, Paola comentou que o MST é contra o projeto já apresentado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). "Se é preciso fazer alterações, nós temos que chamar a sociedade para o debate. Isso não é algo a ser discutido apenas com o lobby político dos ruralistas no Congresso [Nacional]".
Para José Josivaldo Alves de Oliveira, da coordenação nacional doMovimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a proposta de Aldo Rebelo seria "um grave retrocesso em termos ambientais. A questão da mudança do Código Florestal unificou os vários movimentos sociais. E, embora não tenhamos ilusão e saibamos que é uma luta difícil e desigual, estamos convencidos de que se conseguirmos mobilizar a sociedade brasileira, conseguiremos evitar que o projeto do deputado seja aprovado", declarou Josivaldo.
Já o coordenador adjunto de Política e Direito do Instituto Socioambiental (ISA), Raul do Valle, classifica como "mentirosa" a campanha a favor da reforma do Código Florestal nos termos propostos pelo deputado Aldo Rebelo (PcdoB-SP), relator do projeto. "Nós queremos políticas públicas. Queremos a ajuda do Estado na forma de assistência técnica. Já à bancada ruralista, só interessa o perdão das multas. E, com base em mentiras, numa campanha terrorista, eles vêm conseguindo obter apoio para modificar a legislação de uma forma que beneficia somente aos grandes proprietários".
Integrante da direção da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Maria da Graça Amorim, defende que o atual Código Florestal não é empecilho para a produção agrícola familiar e que as mudanças propostas beneficiarão apenas os grandes produtores. "Nós só precisamos de alguns hectares para produzir. Já o agronegócio pegou as melhores terras, desmatou-as porque não mora nelas, coloca agrotóxico porque não consome o que produz e, agora, ainda quer desmatar as beiras dos rios."
De acordo com a agricultora Julciane Azilago, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC Brasil), se o governo quer estimular a agricultura basta disponibilizar mais recursos para os produtores familiares. "A maioria dos créditos do governo vão para os grandes produtores, sendo que o pequeno agricultor é quem gera muito mais empregos e produz a maior diversidade de alimentos. E é justamente o agronegócio quem mais utiliza agrotóxicos".
Os integrantes dos movimentos sociais também entregaram um documento, com seu posicionamento acerca do Código Florestal, à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. As entidades defendem a manutenção dos atuais índices de reserva legal e de áreas de preservação permanente, bem como a obrigação da recuperação de todo o passivo ambiental nessas áreas, a não-anistia aos desmatadores, a criação de políticas públicas que garantam a recuperação produtiva das áreas protegidas e o desmatamento zero em todos os biomas brasileiros, com exceção dos casos de interesse social.
PROPOSTAS
Trinta organizações ambientais e de trabalhadores do campo entregaram ontem (07/04/11) ao presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-SP), uma lista de propostas de alterações ao projeto do Código Florestal, em análise na Casa. Entre as propostas estão a que pede tratamento diferenciado para a agricultura familiar e o fim da anistia para desmatamentos ilegais feitos em áreas de preservação permanente (APPs) até 2008.
Outra proposta criticada pelo grupo – e que consta no projeto do Código Florestal – é a que reduz os atuais índices de Reserva Legal e de Preservação Permanente. "A proposta transforma o Código Florestal em código agrícola. Não mantém o objetivo de proteção de florestas", disse a representante do Instituto Socioambiental, Adriana Ramos.
Além de entregar as reivindicações ao presidente da Câmara dos Deputados, o grupo fez uma manifestação no gramado em frente ao Congresso Nacional. A proposta aguarda votação na Câmara.
LEIA TAMBÉM
Agricultura familiar defende manutenção da reserva legal e das APPs
FONTE
Agência Brasil
Alex Rodrigues e Priscilla Mazenotti - Repórteres
Lana Cristina e Talita Cavalcante - Edição
Colabrou Juliana Maya, repórter da Rádio Nacional da Amazônia
www.fetraf.org.br
Agricultura familiar defende manutenção da reserva legal e das APPs
agrosoft.com/agropag/217632.htm
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
www.mst.org.br
Movimento dos Atingidos por Barragens
www.mabnacional.org.br
Movimento de Mulheres Camponesas
www.mmcbrasil.com.br
Rádio Nacional da Amazônia
www.radiobras.gov.br/estatico/radio_naci
onal_amazonia.htm
Instituto Socioambiental
www.socioambiental.org
Câmara dos Deputados
www.camara.gov.br
Agência Brasil
www.agenciabrasil.gov.br
MST
www.mst.org.br
Segundo Paola Pereira, da coordenação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), os movimentos sociais decidiram aproveitar o Dia Mundial da Saúde, comemorado ontem, para lançar a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. O principal objetivo da iniciativa é conscientizar a população sobre os riscos do uso indiscriminado de defensivos agrícolas, a falta de fiscalização, a contaminação dos solos e águas por essas substâncias e seu impacto na saúde dos trabalhadores rurais e da população em geral.
"É preciso discutir o assunto entre os agricultores, nas escolas, nos espaços públicos e projetos de lei. Temos que pressionar o governo para que suas agências fiscalizem, de fato, a utilização dos agrotóxicos. Desde 2009, o Brasil é campeão mundial no uso destes produtos", afirmou Paola à Agência Brasil.
Quanto à reforma do Código Florestal, Paola comentou que o MST é contra o projeto já apresentado pelo deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). "Se é preciso fazer alterações, nós temos que chamar a sociedade para o debate. Isso não é algo a ser discutido apenas com o lobby político dos ruralistas no Congresso [Nacional]".
Para José Josivaldo Alves de Oliveira, da coordenação nacional doMovimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a proposta de Aldo Rebelo seria "um grave retrocesso em termos ambientais. A questão da mudança do Código Florestal unificou os vários movimentos sociais. E, embora não tenhamos ilusão e saibamos que é uma luta difícil e desigual, estamos convencidos de que se conseguirmos mobilizar a sociedade brasileira, conseguiremos evitar que o projeto do deputado seja aprovado", declarou Josivaldo.
Já o coordenador adjunto de Política e Direito do Instituto Socioambiental (ISA), Raul do Valle, classifica como "mentirosa" a campanha a favor da reforma do Código Florestal nos termos propostos pelo deputado Aldo Rebelo (PcdoB-SP), relator do projeto. "Nós queremos políticas públicas. Queremos a ajuda do Estado na forma de assistência técnica. Já à bancada ruralista, só interessa o perdão das multas. E, com base em mentiras, numa campanha terrorista, eles vêm conseguindo obter apoio para modificar a legislação de uma forma que beneficia somente aos grandes proprietários".
Integrante da direção da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), Maria da Graça Amorim, defende que o atual Código Florestal não é empecilho para a produção agrícola familiar e que as mudanças propostas beneficiarão apenas os grandes produtores. "Nós só precisamos de alguns hectares para produzir. Já o agronegócio pegou as melhores terras, desmatou-as porque não mora nelas, coloca agrotóxico porque não consome o que produz e, agora, ainda quer desmatar as beiras dos rios."
De acordo com a agricultora Julciane Azilago, do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC Brasil), se o governo quer estimular a agricultura basta disponibilizar mais recursos para os produtores familiares. "A maioria dos créditos do governo vão para os grandes produtores, sendo que o pequeno agricultor é quem gera muito mais empregos e produz a maior diversidade de alimentos. E é justamente o agronegócio quem mais utiliza agrotóxicos".
Os integrantes dos movimentos sociais também entregaram um documento, com seu posicionamento acerca do Código Florestal, à ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. As entidades defendem a manutenção dos atuais índices de reserva legal e de áreas de preservação permanente, bem como a obrigação da recuperação de todo o passivo ambiental nessas áreas, a não-anistia aos desmatadores, a criação de políticas públicas que garantam a recuperação produtiva das áreas protegidas e o desmatamento zero em todos os biomas brasileiros, com exceção dos casos de interesse social.
PROPOSTAS
Trinta organizações ambientais e de trabalhadores do campo entregaram ontem (07/04/11) ao presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-SP), uma lista de propostas de alterações ao projeto do Código Florestal, em análise na Casa. Entre as propostas estão a que pede tratamento diferenciado para a agricultura familiar e o fim da anistia para desmatamentos ilegais feitos em áreas de preservação permanente (APPs) até 2008.
Outra proposta criticada pelo grupo – e que consta no projeto do Código Florestal – é a que reduz os atuais índices de Reserva Legal e de Preservação Permanente. "A proposta transforma o Código Florestal em código agrícola. Não mantém o objetivo de proteção de florestas", disse a representante do Instituto Socioambiental, Adriana Ramos.
Além de entregar as reivindicações ao presidente da Câmara dos Deputados, o grupo fez uma manifestação no gramado em frente ao Congresso Nacional. A proposta aguarda votação na Câmara.
LEIA TAMBÉM
Agricultura familiar defende manutenção da reserva legal e das APPs
FONTE
Agência Brasil
Alex Rodrigues e Priscilla Mazenotti - Repórteres
Lana Cristina e Talita Cavalcante - Edição
Colabrou Juliana Maya, repórter da Rádio Nacional da Amazônia
Links referenciados
Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiarwww.fetraf.org.br
Agricultura familiar defende manutenção da reserva legal e das APPs
agrosoft.com/agropag/217632.htm
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
www.mst.org.br
Movimento dos Atingidos por Barragens
www.mabnacional.org.br
Movimento de Mulheres Camponesas
www.mmcbrasil.com.br
Rádio Nacional da Amazônia
www.radiobras.gov.br/estatico/radio_naci
onal_amazonia.htm
Instituto Socioambiental
www.socioambiental.org
Câmara dos Deputados
www.camara.gov.br
Agência Brasil
www.agenciabrasil.gov.br
MST
www.mst.org.br
JORNAL AGROSOFT
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